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Afinal, o que é o design biofílico?

  • Foto do escritor: Isabela Nunez
    Isabela Nunez
  • 11 de set. de 2024
  • 6 min de leitura

BIOFILIA vem das palavras gregas que traduzidas em seu sentido literal significam:

BIO = vida;

PHILIA = amor, afeto.

Ou seja, BIOFILIA = amor à vida.


Para falarmos sobre biofilia gostaria que você parasse e refletisse sobre algumas perguntas:

1)      Quando e onde você se sente menos estressado?

2)      Onde você se sente mais vivo, criativo e equilibrado?

3)      Quais qualidades compõe seus lugares favoritos?

4)      Onde você gostaria de relaxar e passar suas férias ou ir aos finais de semana?

5)      Quando você está tentando alcançar a calma mental, o que você visualiza?


Eu acredito que na maioria dessas perguntas você pensou em algum lugar em contato com a natureza. Isso é instintivo, mas porque isso acontece?


Essa resposta vem dos nossos ancestrais. Temos que olhar para a evolução humana. Todo o nosso desenvolvimento foi uma reposta de adaptação ao mundo natural. Que era o nosso habitat. Os seres humanos existem na natureza vivendo através da caça e da coleta há 200.000 anos até o surgimento da agricultura, que tem cerca de 12.000 anos, que possibilitou os assentamentos e agrupamentos e então, o surgimento das cidades que tem cerca de 6.000 anos.


A partir disso, conseguimos entender que nós, seres humanos, somos inata e evolutivamente programados para responder à natureza, pois, nossa mente, corpo e percepção de espaço foram moldados na natureza, onde sempre estivemos em contato vivendo e tendo uma relação de interdependência com ela.


Em 1986 Arne Ohman fez um estudo no qual ele mostrava para um grupo de pessoas imagens de aranhas, cobras, facas e fios desencapados. Nesse estudo as pessoas apresentavam uma aversão maior às imagens de cobras e aranhas. Isso porque esses animais representavam uma ameaça à vida dos nossos ancestrais.


O nosso cérebro ainda é moldado para sermos caçadores e coletores de alimentos, assim como nossos ancestrais e o nosso corpo é feito para estar em movimento em contato com o mundo natural, mas o nosso habitat mudou para o ambiente construído.


Essa mudança do nosso habitat natural faz com que tenhamos pouco ou quase nenhum contato com ambientes naturais e essa conexão inata com a natureza é essencial para a saúde integral do ser humano, sendo ela saúde física, mental, social, emocional e até mesmo espiritual.


Para entendermos melhor isso, podemos falar do nosso ciclo circadiano. O ciclo circadiano nada mais é que o nosso ciclo biológico diário de 24h que mantém e regula o nosso organismo.  Ele é responsável por diversas funções no nosso organismo como por exemplo a liberação de hormônios como a melatonina, responsável pelo nosso sono e o cortisol, responsável pelo nosso humor e estresse, e é responsável pela nossa imunidade.


O ciclo biológico dos seres humanos foi moldado sob a luz natural sob as variações de claro e escuro no mundo natural. A variação da luz é um dos fatores mais importantes para manter o nosso ritmo circadiano. Pensando nos nossos ancestrais conseguimos entender bem essa relação. Os homens acordavam ao clarear o dia, faziam suas atividades de sobrevivência ao longo do dia e ao entardecer se recolhiam para dormir em uma escuridão total. É por esse motivo que nós tendemos a nos sentir mais dispostos durante o período da manhã e ao final do dia já vamos sentindo uma perda de produtividade, pois, o nosso organismo, naturalmente entende que está chegando o momento de nos recolhermos para dormir.


O desequilíbrio do ciclo circadiano pode nos causar problemas de saúde como distúrbios do sono, depressão, transtorno de humor, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares etc.


Como falamos anteriormente, o nosso corpo e a nossa mente foram projetados em contato com o mundo natural, então podemos entender que a separação da natureza que é o nosso habitat natural, tem relação com a maioria das nossas doenças. Sabendo disso, precisamos repensar nossos hábitos e projetos.


E então, por que projetar com a natureza?


“Nunca seremos verdadeiramente saudáveis, satisfeitos ou realizados, se vivermos separados e alienados do ambiente em que evoluímos.” (Stephen R. Kellert)


Antes da pandemia da COVID-19, nós já passávamos cerca de 90% do nosso tempo em ambientes fechados, e a pandemia nos obrigou a ficar 100% dentro de ambientes internos. Esse tipo de vivência trouxe diversos problemas de saúde, como por exemplo falta de vitamina D, insônia, mau humor, ansiedade, depressão, imunidade, irritação, estresse etc.


Com essa experiencia a vida das pessoas foi impactada, muitos começaram a apreciar mais os ambientes naturais, compraram plantas para dentro de suas casas, começaram a vivenciar mais a natureza ou até se mudaram para perto dela.

Existem diversos estudos que comprovam que pessoas que vivem perto de florestas possuem amigdalas cerebrais mais saudáveis, elas são uma região do cérebro responsável por certas emoções, essas pessoas tendem a lidar melhor com o estresse por exemplo. Nesses diversos estudos também foram comprovados que plantas podem reduzir os poluentes internos e criar benefícios cognitivos.


A NASA em 2019 fez um estudo que diz que algumas plantas são capazes de retirar as toxinas e limpar as estações espaciais. Um outro estudo feito pela Universidade de Harvard em 2015, em ambientes corporativos, comprovou que uma boa ventilação e baixos níveis de dióxido de carbono (CO2) são responsáveis por aumentar 61% das condições cognitivas dos trabalhadores. Ou seja, ter uma vista para a natureza no nosso local de trabalho ou em casa nos ajuda a ter maior concentração e foco.


Kathleen L. Wolf em 2017 fez um estudo que comprova com evidências que o contato com a natureza em áreas urbanas traz inúmeros benefícios para a saúde, como:

- Redução de estresse;

- Melhoria do sono;

- Melhoria da saúde mental em doenças como depressão e ansiedade;

- Aumento da sensação de felicidade, bem-estar e satisfação com a vida;

- Redução da agressividade;

- Redução dos sintomas de TDAH;

- Aumento do comportamento pró-social e conexão social;

- Redução da pressão arterial;

- Aprimoramento da recuperação pós-operatória;

- Melhoria nos resultados de nascimentos;

- Insuficiência cardíaca congestiva melhorada;

- Melhor desenvolvimento infantil (cognitivo e motor);

- Melhoria no controle da dor;

- Redução de obesidade e diabetes;

- Melhoria da visão e imunidade;

- Melhorias em asma e alergias e;

- Redução da mortalidade.


Ou seja, melhoria geral da saúde como um todo.


No Japão existe uma terapia chamada Shinrin-yoku que significa: banho de floresta. O conceito é passar mais tempo em meio as árvores, não para praticar atividades físicas, mas sim para contemplar a natureza e relaxar.

O segredo por trás desses estudos se resume ao óleo produzido pelas árvores chamado de phytoncides, que protege as plantas dos insetos e retarda o crescimento de fungos e bactérias. Quando os seres humanos são expostos a esse óleo, reduzem os batimentos cardíacos, a pressão arterial, os hormônios do estresse, ansiedade e depressão, aumentando os níveis de energia. Além disso, melhora em mais de 50% o sistema nervoso parassimpático e estabiliza e fortalece a imunidade das pessoas.


O design biofílico não significa voltar a morar na floresta, mas sim trazer esses ambientes naturais para dentro das nossas casas, trabalho, escolas, hotéis, hospitais etc.


Após toda a explicação é importante entender que o design biofílico NÃO É uma tendência, ou seja, nós como seres humanos sabemos que precisamos ter contato com a natureza, sempre. Ele também não é intuitivo, para aplicá-lo de forma inteligente, e onerosa, é necessário que se faça um estudo do ambiente para entender como deverá ser aplicado.


Ele também NÃO É um estilo, pode ser feito em qualquer estilo desde o mais clássico ao mais moderno.


E o mais importante, design biofílico NÃO É SOMENTE ACRESCENTAR PLANTAS, mas sim trazer essas experiências da natureza de diversas formas, seja de forma direta com plantas, água, luz natural e ar puro, seja de forma indireta utilizando materiais naturais, formas orgânicas (geometrias naturas), biomimética (imitar o brilho da natureza para resolver problemas no ambiente construído) e cores naturais ou através da percepção do espaço existente na natureza, como por exemplo os períodos do dia (manhã, tarde e noite), o clima e outros elementos sem ficar isolado completamente do ambiente externo.


Ele nos proporciona desenvolver os nossos 5 sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição), soluções para saúde (quais melhorias vai trazer em cada caso individualmente) e o senso de pertencimento (para quem é o ambiente e qual será sua finalidade).


O design biofílico trata a relação do ser humano com a natureza e a percepção do espaço.



 
 
 

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